quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O que é para mim o currículo?

A revolução industrial originou a partir dos finais do séc. XVIII, profundas transformações em todas as sociedades onde ocorreu, ou que influenciou. A educação e o ensino sofreram reflexos dessa mutação histórica.

Assim, fazendo uma breve síntese das teorias do currículo que para mim foram mais relevantes, começo por referir em primeiro lugar o discurso de Bobbit no seu livro, The Curriculum. Para, Bobbit, o currículo é “a especificação precisa de objectivos, procedimentos e métodos para a obtenção de resultados que possam ser precisamente mensurados”.

Tal como uma indústria, Bobbit propunha que a escola funcionasse tal como uma empresa comercial ou industrial. Queria que “o sistema educacional fosse capaz de especificar precisamente que resultados pretendiam obter, que pudesse estabelecer métodos para obtê-los de forma precisa e formas de mensuração que permitissem saber com precisão se eles foram realmente alcançados ”.
“O modelo de Bobbit estava claramente voltado para a economia. A sua palavra-chave era “eficiência”.
Com Tyler os estudos sobre currículo desenvolvem-se em torno da ideia de organização e desenvolvimento.
Nas várias teorias sobre o currículo a questão central que serve de pano de fundo a qualquer uma é a de saber que saberes devem ser ensinados. Logo, a questão principal está na selecção de saberes que irá constituir o currículo e também a forma como esse currículo irá influenciar os indivíduos em termos de identidade. Da perspectiva, pós-estruturalista, o currículo está envolvido em questões de poder, pois a selecção que é feita dos saberes implica ligação entre “saber, identidade e poder”.
É precisamente esta questão que separa as teorias do currículo tradicionais, das teorias críticas e pós-criticas. As teorias tradicionais consideram-se cientificas, neutras e concentradas em questões técnicas e organizacionais, as outras teorias argumentam que nenhuma teoria é neutra estando implicadas em relações de poder e questionam o porquê de se privilegiar determinados saberes e não outros.
Uns estudiosos do currículo referem que a selecção que constitui o currículo é o resultado de um processo que reflecte os interesses particulares das classes e dos grupos dominantes, outros vêm a pedagogia e o currículo através da noção de política cultural envolvendo a construção de significados e valores culturais estando ligados a relações sociais de poder e desigualdade e ainda outros argumentam que o professor e o aluno estão envolvidos no acto de conhecimento, havendo uma comunicação bilateral.
Bernstein veio mostrar-nos que é impossível compreender o currículo sem uma perspectiva sociológica.
Com o aparecimento das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) desencadeou-se uma nova revolução industrial, que parece ser ainda mais importante do que as precedentes, e que, ao transformar a natureza do trabalho e a organização da produção, modificou profundamente as sociedades. Assim surgem novos conceitos e novas necessidades em termos de currículo.
Um novo modelo de saberes e de saber-fazer surge, aliando a extrema especialização à criatividade. Perante estas realidades o currículo em termos formais assenta na Informação, cidadania e multiculturalidade.
O currículo terá de proporcionar aos alunos maior interactividade e participação na sua própria aprendizagem. Deverá assentar na responsabilização, na auto-formação e na flexibilização dos percursos formativos, orientando os saberes para o desenvolvimento de capacidades realizadoras e académicas.
O currículo deve:
Contribuir para a construção de uma escola de qualidade, mais humana, criativa e inteligente;
Proporcionar aos alunos, uma diversidade de percurso de aprendizagem garantindo a coerência entre os objectivos estabelecidos e as competências a desenvolver;
Permitir maior articulação dos diversos saberes de forma a proporcionarem novas aprendizagens;
Alargar e reconhecer a capacidade de decisão do professor em áreas chave do currículo de forma a poder adequá-lo à realidade da turma.
Permitir o acesso a uma cultura fundamental, desenvolver as aptidões necessárias para aceder a uma actividade profissional e continuar a aprender ao longo da vida.

Bibliografia

TADEU da SILVA, T. (2000). Teorias do Currículo – Uma introdução crítica. Colecção Currículo. Políticas e Práticas. 2 Porto Editora.

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