quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Colocando-me na pele de um professor tradicional

Colocando-me na pele de um educador tradicional e ao examinar o site do Plano Tecnológico da Educação pensaria que me encontrava perante um plano elaborado segundo a óptica de um educador tradicional. O sistema educacional de Babbit propunha que a escola funcionasse como uma empresa comercial ou industrial ou seja, uma escola organizada e desenvolvida.
Citando o nosso Primeiro-ministro: “Nós queremos é uma Escola tecnologicamente evoluída, uma escola moderna e qualificada, mas também uma escola organizada, bem organizada e é isto que queremos…”. Retemos as palavras “Organização e desenvolvimento”.
Segundo Bobbit a organização e o desenvolvimento da Escola devem procurar responder a quatro questões básicas:
“Que objectivos educacionais devem a escola procurar atingir? Que experiências educacionais podem ser oferecidas que tenham probabilidade de alcançar esses propósitos? Como organizar eficientemente essas experiências educacionais? Como se pode ter a certeza que esses objectivos estão a ser alcançados?”. Segundo esta perspectiva apenas a primeira questão se refere ao currículo. No entanto No Plano Tecnológico da Educação não está referido o currículo. “Não é do currículo que se faz a Escola?”
Vejamos,
http://www.planotecnologico.pt/pt/planotecnologico/investigacao-e-ensino/lista.aspx

Começamos pela formação: referem-se Competências TIC e Estágios TIC, para os alunos. E para o pessoal docente? Antes de colocar tanta tecnologia nas escolas, não seria necessário em primeiro lugar verificar se há competências para utilização dessa tecnologia? Não seria melhor realizar um diagnóstico das necessidades de formação que todos nós tanto precisamos? Só no caso do grupo de informática, uma área em constante evolução como é que nós adquirimos novos saberes? Não é com a formação que nos é proporcionada na escola, mas sim com a vontade que temos de desenvolver as nossas capacidades adquirindo competências pelo autodidactismo e com formação paga por nós. Senão fosse assim, ainda estaríamos a leccionar a tecnologia do microprocessador 80286.
E os nossos alunos? As condições em que vivem? Não terão jantar na mesa, mas terão a tecnologia para esquecer esse jantar que não chegou.
Pontos positivos há muitos…
Quem não deseja uma escola moderna, com os melhores equipamentos e as melhores condições tecnológicas para ensinar, quem não deseja complementar os seus métodos de ensino tradicionais com as práticas interactivas e o ensino on-line.
Quem não deseja uma escola segura? Todos nós temos consciência das vantagens que um plano destes nos trará… mas não seria melhor ter começado por um plano que tratasse inicialmente de anular os pontos negativos que referi? Muita tecnologia mas com sabor amargo.

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