Nas últimas décadas tem-se registado grandes mudanças no domínio social, político, económico e demográfico. Estas mudanças têm provocado alterações significativas nas necessidades de educação e formação, colocando novos desafios e criando novas exigências aos sistemas educativos.
Face a esta inovação e aos avanços científicos e tecnológicos que se produzem à sua volta, as exigências, as formas de actuação e intervenção dos professores poderão ter que ser alteradas para dar resposta às ofertas e pressões exteriores.
Actualmente, pretende-se que todo o professor seja capaz de fazer uma gestão flexível do currículo, de disponibilizar aos alunos meios tecnológicos que lhe permitam aceder, de forma rápida e credível, ao conhecimento. Para tal, é necessário criar as mesmas oportunidades de acesso ao conhecimento, a todos os alunos.
Wild (1996) citado por Paiva et. al. (2006), apresentou um conjunto de constrangimentos que podem levar ao não uso das TIC em contexto educativo, nomeadamente: a) Falta de oportunidades para usar os computadores regularmente, b)Recursos informáticos escassos na escola (em Portugal, a situação está a melhorar mas há dificuldades ainda, por exemplo no ensino pré-escolar), c) Stress do professor, d) Falta de segurança e confiança para usar as TIC, e) Falta de conhecimento sobre o verdadeiro impacto do uso das TIC em contexto educativo, f) Poucas experiências com TIC na formação de professores, quer na formação inicial quer na formação continua.
“É necessário quebrar rotinas tradicionais que são incompatíveis com as evoluções em TIC mas que, paradoxalmente, podem muito bem ser constituídas à conta das próprias TIC.” (Paiva & al., 2006).
Smeets (2005), citado por Fregoneis, & al. (2005) evidenciou vários aspectos das actividades de formação dos professores em TIC que se deviam considerar, tais como: aprofundamento dos conhecimentos sobre a sua utilização e apoio nas suas várias actividades em contexto técnico e pedagógico e a comunicação permanente com outros professores que se deparam com desafios semelhantes. Ainda enfatiza como pontos fundamentais, para aumentar a confiança e competências dos professores: o apoio sustentado, o acesso a profissionais com experiência, a realização de interacções de partilha de conhecimentos e a troca de experiências.
Também estudos recentes realizados por Costa & Peralta (2007) apresentaram algumas conclusões, referindo que além dos factores pessoais e contextuais, a utilização das TIC em contexto ensino/aprendizagem também está directamente ligada a factores relacionados com a formação de professores.
Segundo Paiva e al. (2006), o tempo de adaptação a novas realidades é variável de pessoa para pessoa. Relativamente às TIC este tempo é normalmente muito mais longo para os adultos do que para os alunos. Para o aluno a tecnologia em si não constitui uma barreira. Segundo diversos estudos os alunos adquirem rápida e facilmente as competências básicas necessárias ao trabalho com as TIC, (Oliveira & Carvalho, 2001; Cruz, 2004; Barra, 2003, citados por Fornelos em 2006). No entanto, embora a maioria dos alunos tenha uma forte tendência para a utilização das tecnologias, é necessário que para além de adquirirem competências na utilização das TIC, adquiriram igualmente autonomia na pesquisa, recolha, tratamento e gestão da informação - bases para a aprendizagem ao longo da vida. Estas competências terão de lhe ser proporcionadas pela escola. Por conseguinte, os professores enquanto responsáveis pelo desenvolvimento do currículo devem encontrar formas produtivas e viáveis de integrar as tecnologias no processo ensino/aprendizagem, no quadro dos currículos e dentro dos condicionalismos de cada escola.
Também a escola enquanto responsável por fornecer aos professores os meios de utilização das TIC em contexto pedagógico, deve proporcionar as tecnol
ogias, o apoio, o incentivo e a formação contínua necessária à integração de novas práticas. (Costa & Peralta, 2007).
Referências Bibliográficas
Fornelos, L. P.G. N. (2006). A Internet na sala de aula de Matemática: um estudo de caso no 6º ano de escolaridade. Mestrado em Estudos da Criança. Especialização em Ensino e Aprendizagem da Matemática. Universidade do Minho. Braga.
Meirinhos, M. F. A. (2006). Desenvolvimento profissional docente em ambientes colaborativos de aprendizagem a distância: estudo de caso no âmbito da formação contínua. Tese de doutoramento. Universidade do Minho. Braga. Acedido em 5 de Julho 2009 através de http://hdl.handle.net/1822/6219
Paiva, J. (2002). As Tecnologias de Informação e Comunicação: utilização pelos professores. Lisboa: Ministério da Educação, DAPP.
Paiva, J., Paiva, J. C. & Fiolhais, C. (2002). Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação pelos professores portugueses. Acedido em 21 de Maio 2009, através de http://lsm.dei.uc.pt/ribie/docfiles/txt200373118546paper-241.pdf
Paiva, J., Pessoa, T., Canavarro, J. & Pais, A. (2006). Experiências TIC na Escola: obstáculos à mudança. Centro de Física Computacional SPF- Softciências. Universidade de Coimbra. Coimbra. Acedido em 28 de Junho 2009 através de www.niee.ufrgs.br/eventos/RIBIE/2006/ponencias/art089.pdf
Peralta, H. & Costa, F. A. (2007). Competência e confiança dos professores no uso das TIC. Síntese de um estudo internacional. Revista Sífiso, 3, 77-86.
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